Santuário do Senhor Bom Jesus Campo Largo

Artigo da semana – A Oração Universal, prece dos fieis na Missa

Oratio Universalis

Por Seminarista Edson Murylo Rodrigues Paes, Curitiba.

A Oração Universal ou Oração dos Fieis expressa a resposta dada pelos fieis à Palavra de Deus, onde exercem, por sua vez, o seu sacerdócio batismal, pedindo a intercessão de Deus pelo mundo inteiro.

A oratio universalis, desde os primeiros cristãos, era considerada a “oração da Igreja por excelência”. Justino, Hipólito, Cipriano e Agostinho são alguns que escrevem em seus relatos descrições das primeiras liturgias, onde após a alocução do sacerdote, todos se levantavam e dirigiam as orações. Houve um período da história em que a oração dos fieis deixou de ser usada, sendo retomada pelo Concílio Vaticano II (SC, nº 53): “Restaure-se a oração comum ou dos fieis, depois do evangelho e da homilia […].”.

Três passos nos ajudam a entender a dinâmica da oração universal: Primeiro, a grande necessidade da oração. A assembleia reunida é uma assembleia sacerdotal e participa do poder da intercessão de Jesus Cristo e ao mesmo tempo necessita desta intercessão. Depois, o caráter universal da oração. A oração é voltada para a realidade universal da Igreja, o que não exclui a possibilidade de rezar por uma necessidade particular da comunidade, porém, deve-se partir de uma realidade universal para uma realidade particular. E por fim, a oração dos fieis. “Isso não significa “dos leigos” em oposição aos clérigos” (Firmino e Libério, p. 242)”. Mas sim, os fieis que exercem o seu sacerdócio batismal para se dirigir à Deus pedindo a intercessão pelas necessidades universais da Igreja. Por isso que se recomenda que pessoas não batizadas não profiram as orações, porque não possuem esse “sacerdócio”, concedido pelo batismo.

A IGMR nº 70 traz algumas séries de intenções a serem seguidas: Primeiro pelas necessidades da Igreja (pelo papa, pelos bispos…), em seguida pelos poderes públicos e pela salvação do mundo (pela nação, pelos governantes…), depois pelos que sofrem dificuldades (pelos pobres, pelos doentes…) e por fim pela comunidade local. Pode-se ainda, em celebrações como a Confirmação, Exéquias, confeccionar alguma prece à ocasião especial, porém em qualquer circunstância não deve omitir-se o “respiro universal”, característico deste momento.

É louvável que se utilize inclusive, os formulários oferecidos pelo Missal Romano, onde este propõe as preces de acordo com o tempo litúrgico (estas encontram-se nas páginas 1005-1016). E recentemente o Secretariado Nacional de Liturgia de Portugal editou vários livros contendo preces para os diversos tempos litúrgicos, e as diversas celebrações da Igreja (Confirmação, Exéquias, Matrimônio, etc.).

Também recomenda-se que o sacerdote utilize as orações introdutórias e conclusivas às preces que são prescritas pelo Missal Romano. A IGMR nº 71 recomenda ainda que as intenções sejam proferidas do ambão pelo diácono, pelo cantor, pelo leitor ou por um fiel leigo. O povo deve acompanhar em pé e exprime a súplica com uma resposta, que pode ser recitada ou cantada. Em celebrações que haja pessoas de vários dialetos, pode-se ainda confeccionar as intenções nas línguas estrangeiras.

A oração dos fieis é geralmente omitida (exceto quando as ocasiões assim permitirem, como é o caso da Vigília Pascal que possui a oração dos fieis, geralmente feita por um catecúmeno batizado neste dia, em sinal de acolhimento à família cristã, e a Ladainha) quando há a Ladainha de Todos os Santos, onde há a invocação universal dos santos para as necessidades da Igreja e do povo de Deus, com a resposta “rogai por nós”.

Por fim, deve-se observar que a oração universal é uma atitude de “falar com Deus” e não com a comunidade. Por isso que deve-se tomar cuidado com as “orações-recado”. O “ponto-chave” da oração é a intervenção divina.

A Oração Universal possui na Liturgia, um grande caráter singular, pois é uma resposta à Liturgia da Palavra proclamada, enviada por Deus e recebida pela Igreja.

 

REFERÊNCIAS:

CERVANTES, A. A.; PÉREZ, A.S. Firmino e Libério. Pílulas Litúrgicas. São Paulo: Ed. Loyola, 2008.

JUNGMANN, J. A. Missarum sollemnia: origens, liturgia, história e teologia da missa romana. 5ª ed. São Paulo: Paulus, 2008.

Introdução Geral do Missal Romano;

Concílio Ecumênico Vaticano II, Sacrosanctum Concilium;

 

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